Olhos de Fervença, Tocha. 2010
Cada vez percebo menos do mundo relacional moderno.
Não é que ontem à noite, entre caipirinhas e margueritas, dou comigo a observar o emaranhado de gente que populava uma das mais populares (bom, a bem dizer é provavelmente a única) ruas da noite Figueirense. Surpresa das surpresas, retrocedo 15 anos e encontro-me numa qualquer matiné teenager e não, não foi por a média de idades dos presentes não passar dos 15 anos.
É que, tal como nos velhos tempos côr-de-rosa, a maioria dos homens estava encostada à parede ou em pequenos grupos dispersos, ora a falar de futebol, agora a babarem-se para aquele par de nádegas dançantes que passa e depois a refugiarem-se em mais um gole de cerveja! Já a maioria das mulheres conversava alegremente em grupos quase exclusivamente femininos ou dançava até cair pó lado empoleiradas em saltos agulha. A musica era ensurdecedora, o ritmo techno-irritante parecia apelar à violência e era realmente difícil manter uma conversa civilizada até mesmo com a nossa consciência.
Confesso que não me sei mover neste novo mundo mas o que me assusta verdadeiramente e me tocou a alma foi o flashback para os tempos de teenager, em que os meninos e as meninas andavam de costas voltadas mas já naquele limbo de lhes rebentar as entranhas de vontade de perderem a vergonha e a timidez e misturarem-se os sexos. Uma coisa que recordo com saudade desses tempos era o facto de apesar da distância que nos separava (normalmente igual à largura da sala onde nos encontrávamos) era possivel escutar a musica dos nossos coraçõezinhos, de tão forte que batiam!
Isto aliado às intermináveis queixas de amigos e amigas que sofrem de Amor (da sua falta, para ser mais especifico!) só me leva a concluir que os meninos e meninas, agora homenzinhos e mulherzinhas, continuam de costas voltadas, a caminhar em sentidos opostos e é cada vez mais difícil encontrar a alma gémea que todos procuramos, provavelmente pelo simples facto de ser cada vez mais difícil nos darmos a conhecer aos outros...
Estou triste... porque nunca me senti tão só, mas principalmente porque já não tenho 15 anos e sinto que vivemos num mundo em que a verdadeira crise é a falta de disponibilidade para Amar!
Queria ir ainda a tempo de perder a timidez, deixar cair o copo de cerveja, dar dois passos, pegar-lhe na mão e ter a coragem de lhe perguntar de uma vez por todas: "Vamos ver o pôr-do-sol amanhã e escutar a musica dos nossos corações?"
14 Response to "Boys and Girls"
:)
Nesta, poderia ficar o "1 sonharam com isto"... (leia-se "sonhou")!
E fico a pensar numa coisa que não descobri agora, mas que se confirma. Os homens da "nossa" geração são uns cobardes. Não, não é uma generelização. É um desabafo. Queres saber por que digo isto?! Simplesmente, porque posso ter descoberto aqui uma das razões.
Os mais velhos (de quarenta e muitos para cima) tiveram a vida "facilitada", porque escolhiam e eram escolhidos sem pensar muito, o que fazia com que até o amor surgisse ali mesmo, genuíno, numa varanda qualquer... ou até num bailarico (com há na minha terriola).
Os mais novinhos (os tais de 15 ou até menos) também têm tudo facilitado, porque os seus pais não lhes deram a educação "rígida" que os obrigasse a serem sérios.
Nós, que estamos ali a meio-termo, somos julgados seja por que razão for. Não que importe qualquer pensamento em mente alheia. Mas, precisamos de perceber essa falta de coragem.
Ora... talvez seja ultrapassável...
Desculpa encher-te a página com esta "dissertação" (eheh, mania que sei o que digo), mas sou assim, escrevo o que penso!
:)
"generalização" (desculpa o erro ortográfico, ou lapso...)
Pois... é verdade, sou um cobarde. Não sei se é da educação ou de mim. De facto tem-me custado "meter" conversa com uma desconhecida e conhecer gente nova. Se calhar, reconhecer essa cobardia é o primeiro passo para ultrapassar o problema... a ver vamos!
E não precisas de pedir desculpa por nada, mesmo.
Obrigado pela visita.
;)
Eu não disse que Tu eras cobarde! Aliás, quem sou eu para dizer uma coisa dessas!?
A verdade é que já deste um passo ao responder-me!
:)
Eu sei que não disseste que EU era... mas sei que sou!
Isto é um passo de bebé!
Vários passos de bebé (várias respostas) levam a um passo maior...
Dizem que começa-se pelo reconhecimento. Se reparaste que existe esse "bloqueio", agora é fazeres um pequeno esforço e, naturalmente, sentirás confiança para continuar a fazê-lo.
Obrigada por teres feito esse esforço e usado a coragem respondendo-me.
:)
Constato que o limite de comentários permitidos num post deve ser sete, pois chegando lá, deixas de responder.
(Só espicaçando um 'cadinho!)
:)
Não é das coisas que mais gosto de falar, só isso!
Fico sempre irritado...
Oh... desculpa.
Não sabia que te tinha irritado. Podias ter dito. Mas, aqui não é a falar. A escrever poderias ter outra ideia. Gosto das verdades genuínas que escreveste aqui, por isso é que não queria ter deixado o assunto para trás... E gosto da imagem... muito.
Eli ficou tímida...
Tímida porquê? É a música?
Ainda bem que gostas da imagem... é que este blog pretende girar sobretudo em torno da fotografia.
Também gosto muito desta foto, e esta tem uma particularidade. Sabes que foi umas das primeiras fotos que tirei quase só por instinto... Olhei, preparei a máquina e disparei sem sequer olhar pelo visor! E sabia desde o inicio como iria ser o resultado final. Ficará por isso para sempre na minha memória e reservada num cantinho especial!
Ainda bem que já não estás irritado, pois não?!
Também gosto desta música, mas não foi por isso que fiquei tímida. Parece que estava a ser demasiado extrovertida. Quando erro, é normal que não me sinta à vontade com o sucedido...
Enfim, eu também gosto de fotografia, mas sou uma amadora. Tiro por instinto. Já deves ter visto algumas no meu blogue...
Obrigada por teres respondido. Se quiseres, deixo de responder. Dizes-me, está bem? Detesto sujeitar os outros a fazerem coisas que não queiram.
Posso guardá-la num cantinho especial?
Podes sim. E guarda-a bem! ;)
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